domingo, 31 de agosto de 2014

Assertividade.


ASSERTIVIDADE
Andréa Camargo - 13/04/2009

                   Nos dias atuais se fala em assertividade de uma forma inapropriada. Assertividade virou uma “desculpa” para as pessoas criticarem indiscriminada, exemplo "você me desculpe, mas serei 'assertivo' em criticá-lo!”

                   O próprio uso da frase já mostra a não assertividade, pois se você é assertivo, não precisa pedir desculpas para expor o que quer que seja. Há várias ocasiões, dificuldades e falta de repertório comportamental e atitudinal, que levam pessoas em não serem assertivas:

ü  Não sabe trabalhar e se relacionar adequadamente com outras pessoas.
ü  Não se mostra por inteiro para os outros.
ü  Tem dificuldade de aceitar a diversidade de papéis, opiniões e sentimentos.
ü  Não expressa sua opinião, desejo, expectativa, percepções, sentimentos e emoções.
ü  Mantém controle sobre si ou tenta controlar outros.
ü  Não sabe definir seus limites, nem perceber os limites das outras pessoas.
ü  Tem medo, raiva, frustração, falta de esperança com as pessoas do seu relacionamento pessoal e profissional.
ü  Tem pena de si própria e se coloca na defensiva.

Antes de falar sobre como ser assertivo, vamos dizer o que assertividade não é:

- Não é ser "sincero" com os outros.
- Não é ter "pontos de vista sobre pessoas".
- Não é julgar os outros.
- Não é por para fora tudo o que pensa.
- Não é se mascarar ou se camuflar.
- Não é evitar conflitos e críticas.
- Não é ser passivo e aceitar os padrões de outrem, impostos de fora para dentro;
- Não é ser agressivo, e emitir uma avalanche de impropriedades a quem você julga atravessar os seus limites.

                   Outro conceito, bastante misturado com a assertividade é o "feedback". Só para esclarecer e trazer um posicionamento claro:
                   Ser assertivo não é ser passivo, nem ser agressivo ou quaisquer combinações possíveis destes dois comportamentos não apropriados, pois podem conduzir você a momentos indesejados, para você e para quem o acompanha, produzindo uma baixa crescente na sua autoestima. "Chamar alguma coisa de "feedback" não faz disso um "feedback"; se ele contém um julgamento. Torna-se uma crítica. "Feedback" refere-se a observações. Jamais julgamentos ou críticas."

Esta frase está no livro "REAL COACHING AND FEEDBACK - How To Help People Improve Their Performance", de J. K. Smart, Pearson Education, 2003.

Assertividade é:

ü  Viver e usufruir os seus direitos.
ü  Reconhecer e expressar os seus sentimentos e emoções.
ü  Solicitar o que você quer.
ü  Expressar os seus pontos de vista sobre assuntos, ideias, ideais e
conceitos; de forma direta, com integridade, honestidade e respeito aos outros.
ü  Estar presente, por inteiro e não só permitir, mas incentivar que as demais pessoas à sua volta também ajam de forma semelhante.

                  Uma pessoa assertiva é aquela que tanto reconhece como permite que as suas vozes internas sejam liberadas, com classe, pois, como constantemente liberadas, não há a repressão passada que provocaria o grito futuro.

Ser assertivo é:
ü  Fazer emergir o seu "eu".
ü  Aceitar o seu "eu".
ü  Expor o seu "eu" com altivez.
ü  Fazer o seu "eu" ser visível e respeitado.
ü  Criar uma parceria com você mesmo.
ü  Deixar de ser perfeito.
ü  Expor as suas falhas, as suas emoções e opiniões cruas e não "politicamente corretas" (mesmo porque, isso não existe!).
ü  Apresentar seu lado humano incoerente, mas real.

                   Quando você conseguir isso, essa sua parceria consigo conduzirá você à um mandamento "Ama o próximo como a ti mesmo". Nesse momento, esse mandamento deixará de ser hipotético. Passará a ser a constatação de que os seus comportamentos e as suas atitudes constroem.

                 Você aceita e ama o seu próximo na exata medida que aceita e ama a si.

                   E para esta construção, não há um início, nem um final. O todo se forma por sua vontade, por pequenas aproximações sucessivas, ao longo da sua vida. Com a assertividade não há, definitivamente a "degustação de sapos". Não “engolimos sapos”.

Depois dessas técnicas práticas da assertividade só resta dizer que toda e qualquer a pessoa que:
- ou trabalha com público,
- ou vive em família ou comunidade,
- ou se relaciona com pessoas, necessita exercer a assertividade.

v  "Autoestima, Assertividade e Resiliência": leia mais sobre como estes três conceitos estão entrelaçados.



v  Não é hora de engolir sapo! Expressar opiniões previne estresse e depressão.
Autora: Karin Sato.

                   “Muitas vezes, em situações do dia a dia, engolimos alguns sapos e muitos brejos. É comum o indivíduo deixar de falar o que pensa para não prolongar uma conversa ou evitar uma discussão. Ele ainda pode sentir medo de não ser aceito pelo grupo. Mas o que as pessoas desconhecem são os malefícios dessa atitude, tanto para a saúde quanto para o convívio social”, afirma a psicóloga Madalena Cabral Rehder, coordenadora do NEPSAR (Núcleo de Especialização em Psicodrama e Sociodrama de Santo André).
                   Como a atitude de não se expressar pode prejudicar o convívio social no ambiente corporativo?
                   A pessoa que não diz o que pensa impede que os demais a conheçam. O diálogo fica mais difícil também, o que causa danos ao resultado final do trabalho.
                   “É difícil tornar-se íntimo de uma pessoa que guarda as opiniões para si, pois os outros ficam com o pé atrás. É importante despertar confiança e ética nos diálogos e aprender a distinguir os momentos de perceber o que é público e privado nas relações. As falhas na comunicação geram frustração e ansiedade”, garante Madalena.

v  Estresse.
                   Com relação à saúde, o problema de “engolir sapo” é o estresse gerado. “Algumas vezes, a comunicação - falada ou escrita - acaba sendo utilizada de forma inadequada. Mesmo assim, é importante expressar-se, pois só dessa forma será possível perceber as falhas, que resultarão em um processo de aprendizagem. O importante é se comunicar e se perceber”, opina a psicóloga. O fato é que, quando nós deixamos de nos expressar, podem surgir sentimentos como culpa, raiva e medo, que estão ligados às emoções que são desencadeadas por nossos pensamentos. “Isso ocasiona depressão e isolamento, que é uma forma de mostrar ao ambiente externo que precisamos de cuidado”.

v  Por trás do medo de se expor.
                   A especialista lembra que o medo da exposição tem sempre uma motivação escondida: pode ser uma situação mal resolvida ou a incompreensão nos relacionamentos, seja no ambiente familiar, afetivo, social, educacional ou público. “Por isso, vale ressaltar a importância de colocar as palavras certas na hora certa, assim como saber ouvir e ler para saber responder ou emitir opiniões”. A cautela se faz necessária também, de maneira que não podemos sair falando o que queremos a qualquer momento. “São sábias as pessoas que preferem não falar em um momento de explosão ou quando não têm conhecimento do assunto. Neste caso, o mais sensato é esperar os ânimos se acalmarem e conhecer mais a questão para, posteriormente, tocar no assunto”, afirma Madalena. “Aprender a comunicar-se é uma arte que requer auxílio de sensatez, espontaneidade e criatividade, para favorecer o crescimento pessoal e profissional”.


Livro: O amor que acende a lua.
Autor - Rubem Alves.
Capítulo: A arte de engolir sapos.

                   Há pessoas que engolem sapos por medo. Bem que seria possível evitar a repulsiva refeição: o sapo é um sapinho. Mas elas preferem engolir o sapo a enfrentá-lo. Não têm coragem de pegá-lo e jogá-lo contra a parede. Pessoas que fizeram do ato de engolir sapos um hábito acabam por ficar parecidas com eles: andam aos pulos, sempre rente ao chão e coaxam monotonamente.
                   Mas há situações em que é inevitável engolir o sapo. Eu mesmo já engoli muitos sapos e disto não me envergonho. O meu desejo, com esta crônica, é dar uma contribuição ao saber psicanalítico, que até agora fez silêncio sobre o assunto. Muitos dos sintomas neuróticos que afligem as pessoas resultam de sapos engolidos e não digeridos.
                   Tudo começa com um encontro: à minha frente um sapo enorme, ameaçador, com boca grande. A prudência me diz que é melhor engolir o sapo a ser engolido por ele. É melhor ter um sapo dentro do estômago (sapos engolidos nunca vão além do estômago) do que estar no estômago do sapo. Aí, impotente e sem ações, deixo que ele entre na minha boca, aquela massa mole nojenta. É muito ruim. O estômago protesta, ameaça vomitar. Explico-lhe as razões. Ele cessa os seus protestos, resignado ao inevitável. Não consigo mastigar o sapo. Seria muito pior. Engulo. Ele escorrega e cai no estômago.
                   Alimentos não digeríveis são eliminados pelo aparelho digestivo de duas formas: ou são expelidos pelo vômito ou são expelidos pela diarreia. Os sapos são uma exceção. Não são digeridos, mas não são nem expelidos pelas vias superiores e nem pelas vias inferiores. Os sapos se alojam no estômago. Transformam-no em morada. Ficam lá dentro. Por vezes hibernam. Mas logo acordam e começam a mexer.
                   Ninguém engole sapo de livre vontade. Engole porque não tem outro jeito. Tem sempre alguém que nos obriga a engolir o sapo, à força. A pessoa que nos obriga a engolir o sapo, a gente nunca mais esquece. Diz a Adélia que “aquilo que a memória amou fica eterno”. Aí eu acrescento algo que aprendi no Grande Sertão. Conversa de jagunços matadores. Diz um: “Mato, mas nunca fico com raiva”. Retruca o outro, espantado: “Mas como?” Explica o primeiro: “Quem fica com raiva leva o outro para a cama.” É isso. A gente leva, para a cama, a pessoa que nos obrigou a engolir o sapo. A raiva também eterniza as pessoas. Não adianta falar em perdão. A gente fica esperando o dia em que ela também terá de engolir um sapo. Ou como dizia uma propaganda antiga de loteria, a gente reza: “O seu dia chegará...” 

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