ASSERTIVIDADE
Andréa Camargo - 13/04/2009
Nos
dias atuais se fala em assertividade de uma forma inapropriada. Assertividade
virou uma “desculpa” para as pessoas criticarem indiscriminada, exemplo "você
me desculpe, mas serei 'assertivo' em criticá-lo!”
O próprio uso da frase já
mostra a não assertividade, pois se você é assertivo, não precisa pedir
desculpas para expor o que quer que seja. Há várias ocasiões, dificuldades e
falta de repertório comportamental e atitudinal, que levam pessoas em não serem
assertivas:
ü Não
sabe trabalhar e se relacionar adequadamente com outras pessoas.
ü Não
se mostra por inteiro para os outros.
ü Tem
dificuldade de aceitar a diversidade de papéis, opiniões e sentimentos.
ü Não
expressa sua opinião, desejo, expectativa, percepções, sentimentos e emoções.
ü Mantém
controle sobre si ou tenta controlar outros.
ü Não
sabe definir seus limites, nem perceber os limites das outras pessoas.
ü Tem
medo, raiva, frustração, falta de esperança com as pessoas do seu
relacionamento pessoal e profissional.
ü Tem
pena de si própria e se coloca na defensiva.
Antes
de falar sobre como ser assertivo, vamos dizer o que assertividade não é:
-
Não é ser "sincero" com os outros.
-
Não é ter "pontos de vista sobre pessoas".
-
Não é julgar os outros.
-
Não é por para fora tudo o que pensa.
-
Não é se mascarar ou se camuflar.
-
Não é evitar conflitos e críticas.
- Não é ser passivo e aceitar os padrões
de outrem, impostos de fora para dentro;
- Não é ser agressivo, e emitir uma
avalanche de impropriedades a quem você julga atravessar os seus limites.
Outro conceito, bastante
misturado com a assertividade é o "feedback". Só para esclarecer e
trazer um posicionamento claro:
Ser assertivo não é ser
passivo, nem ser agressivo ou quaisquer combinações possíveis destes dois
comportamentos não apropriados, pois podem conduzir você a momentos
indesejados, para você e para quem o acompanha, produzindo uma baixa crescente
na sua autoestima. "Chamar alguma coisa de "feedback" não faz
disso um "feedback"; se ele contém um julgamento. Torna-se uma crítica.
"Feedback" refere-se a observações. Jamais julgamentos ou
críticas."
Esta
frase está no livro "REAL COACHING AND FEEDBACK - How To Help People Improve
Their Performance", de J. K. Smart, Pearson Education, 2003.
Assertividade
é:
ü
Viver e usufruir os seus direitos.
ü
Reconhecer e expressar os seus sentimentos e
emoções.
ü
Solicitar o que você quer.
ü Expressar os seus pontos de vista
sobre assuntos, ideias, ideais e
conceitos; de forma direta, com integridade, honestidade e respeito aos outros.
conceitos; de forma direta, com integridade, honestidade e respeito aos outros.
ü Estar
presente, por inteiro e não só permitir, mas incentivar que as demais pessoas à
sua volta também ajam de forma semelhante.
Uma pessoa assertiva é aquela
que tanto reconhece como permite que as suas vozes internas sejam liberadas,
com classe, pois, como constantemente liberadas, não há a repressão passada que
provocaria o grito futuro.
Ser
assertivo é:
ü
Fazer emergir o seu "eu".
ü
Aceitar o seu "eu".
ü
Expor o seu "eu" com altivez.
ü
Fazer o seu "eu" ser visível e respeitado.
ü Criar uma parceria com você mesmo.
ü Deixar de ser perfeito.
ü Expor as suas falhas, as suas
emoções e opiniões cruas e não "politicamente corretas" (mesmo
porque, isso não existe!).
ü Apresentar seu lado humano
incoerente, mas real.
Quando você conseguir isso,
essa sua parceria consigo conduzirá você à um mandamento "Ama o próximo como a ti mesmo". Nesse momento, esse mandamento deixará de ser
hipotético. Passará a ser a constatação de que os seus comportamentos e as suas
atitudes constroem.
Você aceita e ama o seu
próximo na exata medida que aceita e ama a si.
E para esta construção, não
há um início, nem um final. O todo se forma por sua vontade, por pequenas
aproximações sucessivas, ao longo da sua vida. Com a assertividade não há,
definitivamente a "degustação de sapos". Não “engolimos sapos”.
Depois
dessas técnicas práticas da assertividade só resta dizer que toda e qualquer a
pessoa que:
- ou
trabalha com público,
- ou
vive em família ou comunidade,
- ou
se relaciona com pessoas, necessita exercer a assertividade.
v "Autoestima,
Assertividade e Resiliência": leia mais sobre
como estes três conceitos estão entrelaçados.
v
Não é hora de engolir sapo!
Expressar opiniões previne estresse e depressão.
Autora:
Karin Sato.
“Muitas vezes, em situações
do dia a dia, engolimos alguns sapos e muitos brejos. É comum o indivíduo
deixar de falar o que pensa para não prolongar uma conversa ou evitar uma
discussão. Ele ainda pode sentir medo de não ser aceito pelo grupo. Mas o que
as pessoas desconhecem são os malefícios
dessa atitude, tanto para a saúde quanto para o convívio social”, afirma a
psicóloga Madalena Cabral Rehder, coordenadora do NEPSAR (Núcleo de
Especialização em Psicodrama e Sociodrama de Santo André).
Como a atitude de não se
expressar pode prejudicar o convívio social no ambiente corporativo?
A pessoa que não diz o que pensa impede que os demais a
conheçam. O diálogo fica mais difícil também, o que causa danos ao resultado final do trabalho.
“É difícil tornar-se íntimo
de uma pessoa que guarda as opiniões para si, pois os outros ficam com o pé
atrás. É importante despertar confiança
e ética nos diálogos e aprender
a distinguir os momentos de perceber o que é público e privado nas relações. As
falhas na comunicação geram frustração e ansiedade”, garante Madalena.
v
Estresse.
Com relação à saúde, o
problema de “engolir sapo” é o estresse gerado. “Algumas vezes, a comunicação - falada ou escrita - acaba
sendo utilizada de forma inadequada. Mesmo assim, é importante
expressar-se, pois só dessa forma será possível perceber as falhas, que
resultarão em um processo de aprendizagem. O
importante é se comunicar e se perceber”, opina a psicóloga. O fato é que,
quando nós deixamos de nos expressar, podem surgir sentimentos como culpa,
raiva e medo, que estão ligados às emoções que são desencadeadas por nossos
pensamentos. “Isso ocasiona depressão e isolamento, que é uma forma de mostrar
ao ambiente externo que precisamos de cuidado”.
v
Por trás do medo de se expor.
A especialista lembra que o medo da exposição tem sempre uma
motivação escondida: pode ser uma situação mal resolvida ou a incompreensão
nos relacionamentos, seja no ambiente familiar, afetivo, social, educacional ou
público. “Por isso, vale ressaltar a importância de colocar as palavras certas
na hora certa, assim como saber ouvir e ler para saber responder ou emitir
opiniões”. A cautela se faz necessária também, de maneira que não podemos sair falando o que queremos a
qualquer momento. “São sábias as pessoas que preferem não falar em um
momento de explosão ou quando não têm conhecimento do assunto. Neste caso, o
mais sensato é esperar os ânimos se acalmarem e conhecer mais a questão para,
posteriormente, tocar no assunto”, afirma Madalena. “Aprender a comunicar-se é uma arte que requer auxílio de sensatez,
espontaneidade e criatividade, para favorecer o crescimento pessoal e
profissional”.
Livro:
O amor que acende a lua.
Autor - Rubem Alves.
Capítulo: A arte de engolir sapos.
Há pessoas que engolem sapos por
medo. Bem que seria possível evitar a repulsiva refeição: o sapo é um sapinho.
Mas elas preferem engolir o sapo a enfrentá-lo. Não têm coragem de pegá-lo e
jogá-lo contra a parede. Pessoas que fizeram do ato de engolir sapos um hábito
acabam por ficar parecidas com eles: andam aos pulos, sempre rente ao chão e
coaxam monotonamente.
Mas há situações em que é
inevitável engolir o sapo. Eu mesmo já engoli muitos sapos e disto não me
envergonho. O meu desejo, com esta crônica, é dar uma contribuição ao saber
psicanalítico, que até agora fez silêncio sobre o assunto. Muitos dos sintomas
neuróticos que afligem as pessoas resultam de sapos engolidos e não digeridos.
Tudo começa com um encontro:
à minha frente um sapo enorme, ameaçador, com boca grande. A prudência me diz
que é melhor engolir o sapo a ser engolido por ele. É melhor ter um sapo dentro
do estômago (sapos engolidos nunca vão além do estômago) do que estar no
estômago do sapo. Aí, impotente e sem ações, deixo que ele entre na minha boca,
aquela massa mole nojenta. É muito ruim. O estômago protesta, ameaça vomitar.
Explico-lhe as razões. Ele cessa os seus protestos, resignado ao inevitável.
Não consigo mastigar o sapo. Seria muito pior. Engulo. Ele escorrega e cai no
estômago.
Alimentos não digeríveis são
eliminados pelo aparelho digestivo de duas formas: ou são expelidos pelo vômito
ou são expelidos pela diarreia. Os sapos são uma exceção. Não são digeridos,
mas não são nem expelidos pelas vias superiores e nem pelas vias inferiores. Os
sapos se alojam no estômago. Transformam-no em morada. Ficam lá
dentro. Por vezes hibernam. Mas logo acordam e começam a mexer.
Ninguém engole sapo de livre
vontade. Engole porque não tem outro jeito. Tem sempre alguém que nos obriga a
engolir o sapo, à força. A pessoa que nos obriga a engolir o sapo, a gente
nunca mais esquece. Diz a Adélia que “aquilo que a memória amou fica eterno”.
Aí eu acrescento algo que aprendi no Grande Sertão. Conversa de jagunços
matadores. Diz um: “Mato, mas nunca fico com raiva”. Retruca o outro,
espantado: “Mas como?” Explica o primeiro: “Quem
fica com raiva leva o outro para a cama.” É isso. A gente leva, para a
cama, a pessoa que nos obrigou a engolir o sapo. A raiva também eterniza as pessoas. Não adianta falar em perdão. A gente fica
esperando o dia em que ela também terá de engolir um sapo. Ou como dizia uma
propaganda antiga de loteria, a gente reza: “O seu dia chegará...”