Desconectados ou Disconnect é um filme surpreendente que as escolas deveriam
trabalhar trechos dele! Um filme de Henry Alex Rubin, um realizador essencialmente conhecido
pelos seus documentários fortes e imersivos como: “Who Is Henry
Jaglom?” ou o quase oscarizado “Murderball – Espírito de
Combate”.
Por isso não estranharemos que esse filme tenha um ritmo e alma
documental.
Seus personagens vivem situações isoladas, dentro de seus “problemas
familiares”, porém em determinado tempo irão invadir o espaço uma das outras. Dentro dessas famílias existem muitas pessoas
solitárias fisicamente, mas que usam da tecnologia e redes sociais para estarem
“acompanhadas”. Nesse momento, entram os perigos na vida física e em suas
rotinas.
A primeira família é
composta pelo advogado Rich Boyd (Jason Bateman), Lydia Boyd, (Hope Davis), a
sua mulher, a filha Abby (Haley Ramm) e o filho Ben (Jonah Bobo). Ben é um
adolescente com alma sensível e introspectiva que vive para a sua música e que
sente não fazer parte da sua família, vendo o seu pai como alguém incapaz de
perceber os seus gostos e sem vontade de penetrar o seu universo interior. Numa
situação perfeitamente fortuita cruza-se com Jason e Frye, dois incendiários e adolescentes
da sua idade, que frequentam a sua escola e que a partir daí decidem
divertir-se à sua custa. Sendo este um filme que tenta denunciar o vazio das
vidas daqueles que se escondem atrás de nicks, fake profiles, que teclam e não dizem e que
agem sem sentir, naturalmente o local da macabra farsa ocorre nas redes sociais da todo-poderosa net, o lugar onde a plenitude das
aspirações se cruza com a vacuidade dos sentimentos. Momento certo para
trabalhar com ADOLESCENTES E O BULLYING
QUE SE EXPANDE. Sugiro que retirem trechos do filme, que abordarão somente
essas relações.
Outra história que
corre paralela num ambiente desolador, onde adolescentes e jovens adultos se
exibem e aquecem a imaginação de voyeurs anônimos que escondidos atrás de
ecrãs, vão pagando a preço de
prata a satisfação, versão online. É neste estranho
universo que a jornalista Nina (Andrea Riseborough) se interessa pela história
de Kyle (Max Thieriot), um jovem e muito solicitado astro desta nova versão do
velhinho Peep Show. Nina tenta convencê-lo a
contar a sua história na TV, ao que Kyle após muita resistência aceita,
tentando mudar “a sorte” da sua vida e de outros que ali (tão jovens) se “prostituem”.
Interessante extrair trechos desse filme, onde essa história acontece, pois o
que é registrado ali está muito mais próximo do que imaginamos! ISSO ACONTECE NOS DIAS DE HOJE COM
ADOLESCENTES DE QUALQUER CLASSE SOCIAL.
Para
completar esta encruzilhada virtual,
falta contar a história de Cindy (Paula Patton) e Dereck (Alexander Skarsgard),
um casal que passou pela tragédia da perda de um filho e que vive completamente
desconectado de tudo. Enquanto Dereck vegeta em cassinos online, Cindy utiliza a rede para vender pequenos
artigos que produz e para exorcizar as suas mazelas emocionais em chats de grupos de ajuda. Mas como vêm
a descobrir, nada é absolutamente seguro no mundo virtual e após terem sido
invadidos por um malicioso trojan, são espoliados de todas as suas economias. É nessa situação
desesperadora, que conhecem Mike Dixon (Frank Grillo), um detetive privado
especialista em crimes informáticos
e pai de Jason.
O filme é repleto de
bons diálogos e bons silêncios. O grande mérito desse filme é uma pergunta que
fica no ar: são as nossas vidas mais
vazias pela estéril e impessoal modernidade que nos distancia uns dos outros,
ou estarão tão vazias as nossas vidas que a fria tecnologia veio apenas ocupar
um lugar vago?
Nenhum comentário:
Postar um comentário