terça-feira, 14 de outubro de 2014

Desconectados ou Disconnect



Desconectados ou Disconnect é um filme surpreendente que as escolas deveriam trabalhar trechos dele! Um filme de Henry Alex Rubin, um realizador essencialmente conhecido pelos seus documentários fortes e imersivos como: Who Is Henry Jaglom?” ou o quase oscarizado “Murderball – Espírito de Combate”.  Por isso não estranharemos que esse filme tenha um ritmo e alma documental.

Seus personagens vivem situações isoladas, dentro de seus “problemas familiares”, porém em determinado tempo irão invadir o espaço uma das outras.  Dentro dessas famílias existem muitas pessoas solitárias fisicamente, mas que usam da tecnologia e redes sociais para estarem “acompanhadas”. Nesse momento, entram os perigos na vida física e em suas rotinas.

A primeira família é composta pelo advogado Rich Boyd (Jason Bateman), Lydia Boyd, (Hope Davis), a sua mulher, a filha Abby (Haley Ramm) e o filho Ben (Jonah Bobo). Ben é um adolescente com alma sensível e introspectiva que vive para a sua música e que sente não fazer parte da sua família, vendo o seu pai como alguém incapaz de perceber os seus gostos e sem vontade de penetrar o seu universo interior. Numa situação perfeitamente fortuita cruza-se com Jason e Frye, dois incendiários e adolescentes da sua idade, que frequentam a sua escola e que a partir daí decidem divertir-se à sua custa. Sendo este um filme que tenta denunciar o vazio das vidas daqueles que se escondem atrás de nicks, fake profiles, que teclam e não dizem e que agem sem sentir, naturalmente o local da macabra farsa ocorre nas redes sociais da todo-poderosa net, o lugar onde a plenitude das aspirações se cruza com a vacuidade dos sentimentos. Momento certo para trabalhar com ADOLESCENTES E O BULLYING QUE SE EXPANDE. Sugiro que retirem trechos do filme, que abordarão somente essas relações.

Outra história que corre paralela num ambiente desolador, onde adolescentes e jovens adultos se exibem e aquecem a imaginação de voyeurs anônimos que escondidos atrás de ecrãs, vão pagando a preço de prata a satisfação, versão online. É neste estranho universo que a jornalista Nina (Andrea Riseborough) se interessa pela história de Kyle (Max Thieriot), um jovem e muito solicitado astro desta nova versão do velhinho Peep Show. Nina tenta convencê-lo a contar a sua história na TV, ao que Kyle após muita resistência aceita, tentando mudar “a sorte” da sua vida e de outros que ali (tão jovens) se “prostituem”. Interessante extrair trechos desse filme, onde essa história acontece, pois o que é registrado ali está muito mais próximo do que imaginamos! ISSO ACONTECE NOS DIAS DE HOJE COM ADOLESCENTES DE QUALQUER CLASSE SOCIAL.

Para completar esta encruzilhada virtual, falta contar a história de Cindy (Paula Patton) e Dereck (Alexander Skarsgard), um casal que passou pela tragédia da perda de um filho e que vive completamente desconectado de tudo. Enquanto Dereck vegeta em cassinos online, Cindy utiliza a rede para vender pequenos artigos que produz e para exorcizar as suas mazelas emocionais em chats de grupos de ajuda. Mas como vêm a descobrir, nada é absolutamente seguro no mundo virtual e após terem sido invadidos por um malicioso trojan, são espoliados de todas as suas economias. É nessa situação desesperadora, que conhecem Mike Dixon (Frank Grillo), um detetive privado especialista em crimes informáticos e pai de Jason.

O filme é repleto de bons diálogos e bons silêncios. O grande mérito desse filme é uma pergunta que fica no ar: são as nossas vidas mais vazias pela estéril e impessoal modernidade que nos distancia uns dos outros, ou estarão tão vazias as nossas vidas que a fria tecnologia veio apenas ocupar um lugar vago?


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