Andréa Camargo
16/10/2014
(1ª Parte)
Numa obra
autobiográfica (As palavras. Difusão Europeia do Livro, São Paulo, 1970),
Jean-Paul Sartre fala da sua infância, de modo irônico e extremamente
autocrítico, mas sem humor ou afetividade; no texto ele conta que foi um menino
solitário e que seus brinquedos eram os livros da biblioteca do avô (materno) e
os autores, motivos de brincadeira. Conta também que a primeira vivência de uma
experiência estética da qual se lembra, aconteceu diante de uma coleção de
livros infantis que ganhou de sua mãe.
“Devo a estas caixas mágicas – e não às
frases equilibradas de Chateaubriand – meus primeiros encontros com a Beleza.
Abrindo-os, eu me esquecia de tudo: isso era ler? Não, mas morrer de êxtase: de
minha abolição nasciam imediatamente indígenas armados de zagaias, a selva, um
explorador de capacete branco. Eu era visão, eu inundava de luz as belas faces
de Auda, as suíças de Philéas Fogg. Liberta de si mesma enfim, a pequena
maravilha se deixava converter em puro maravilhamento. A cinquenta centímetros
do chão do assoalho nascia uma felicidade sem amo nem coleira, perfeita”.
Lendo esse
texto sobre a infância de Sartre, relembrei da minha infância. Filha única,
criada entre adultos, não tinha mais nenhum amigo “significativo” para brincar,
com exceção dos meus amigos imaginários! Era uma criança muito “arteira” fato
esse que fez com que minha mãe sempre me corrigisse entre boas chineladas e
castigos. Cresci sem traumas, neuras, psicoses ou possibilidades de ser alguém
“perigosa à sociedade”, caso esse muito raro nos dias de hoje! Até hoje, minha
mãe, é minha melhor amiga. Refletindo sobre a beleza do brincar com livros e a
felicidade que embala a infância, me lembrei de todos os livros, coleções de
revistas, gibis, historinhas impressas ou recortadas de jornais, enciclopédias
que ganhei da minha mãe. Devo muito da minha inteligência, segurança e educação
a ela e as leituras que interpretei e ouvi. Uma das coleções (fotos que
compartilho no face: Projeto Parceria) chama-se “O mundo da criança” com 14 volumes. Uma
coleção cara para a época! Cada volume registra histórias e fatos sobre um tema
específico. Um dos volumes (5) tem o título “A vida em vários países”. Trás
muitos contos e lendas nacionais, mas também contém histórias de outros países.
Uma das
histórias, A Muralha de Aldeída Rebelo, conta sobre a construção de uma muralha
feita por dois arquitetos (Rodolfo e Alexandre) a pedido de um rei. Eles
deveriam competir entre si para construir a muralha mais linda e perfeita, o vencedor
receberia um prêmio. Como não seria possível cada qual construir sozinho uma
muralha inteira combinaram que cada um construiria uma metade. Para testar a
ação deles, surgiu um mágico que os avisou, logo que terminasse cada qual sua
metade, ele sopraria um vento muito forte para testar a construção. Rodolfo fez
a metade da muralha com pedras preciosas e ouro, esperando despertar a inveja
nos “concorrentes”. Alexandre por sua vez, construiu sua metade com pétalas de
flores. Ficou muito alegre e colorida. Ele esperava despertar a beleza e a arte
nos rivais. Após algum tempo, a muralha ficou pronta, o mágico surgiu e fez o
que havia prometido! Soprou um vendo muito forte! Obviamente você pode imaginar
o final da história! Quem venceu? A parte da muralha feita com pedras preciosas
começou a cair e desmoronou. A parte da muralha feita com pétalas resistiu ao
vento furioso, pois havia sido feita com amor! Diferentemente da outra, que
foram usadas doses excessivas de vaidade, arrogância e muito orgulho.
(SOLICITE O TEXTO NA ÍNTEGRA EM: andrea@projetoparceria.com)
Será um prazer compartilhar com você!
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