domingo, 26 de abril de 2015

O que temer na educação do seu filho? 2ª parte.


O que temer na educação do seu filho?

Por Andréa Camargo – abril 2015 - 2ª parte.

                     A criança deixa de temer esses adultos e passa a enfrentá-los. Nos finais de semana são travadas verdadeiras batalhas! Percebem que seus pais tiveram uma péssima semana e violam todos os níveis de paciência durante o passeio ou a viagem no final de semana, o qual deveria existir para unir, apaziguar, ser um “momento agradável em família”. Esses pequenos tiranos sabem que muitos desses adultos se acovardam frente ao legado mais jovem e tudo que os acompanha, como suas imposições e exigências. Cabe-lhes chorar, gritar, fazer manhas e pirraças, ofender, humilhar, verbalizar muito do que ouviram e viram durante a semana. Sabem que não tardará e a batalha será ganha! Vencerão pelo cansaço, pois esses adultos estarão exauridos para travarem longos e determinantes diálogos onde quer que estejam. Para os adultos valeu muito mais à pena falar mal dos outros durante seis dias em seus lares, do que “perder um dia” orientando, conversando, rindo, jantando, aprendendo e ensinando seus futuros herdeiros comportamentais a reproduzirem o que seja mais útil e necessário para nossa sociedade chamada de “contemporânea”.
                  Infelizmente essa “sociedade” na qual todos nós fazemos parte, inclusive os péssimos vizinhos de plantão que não são exemplo de nada, não poderiam julgar como fazem algumas atuações mais firmes e decididas de alguns pais, que ainda acreditam na correção de seus filhos (em tempo hábil) seja com um “tapinha corretivo” (no lugar certo) ou um belo e sonoro “não” mais determinante para recuperar o que poderia se perder! Dizer “não”, tornou-se sinônimo de autoritarismo para especialistas “farsantes” da chamada “Psicologia Moderna”. Em busca da perfeição, os medos surgiram dentro dos pais modernos. Daqueles que não queriam “reproduzir o que sofreram”.  Temer! Quem teme quem agora? Será que você sente falta de “temer” seus pais? Era tão ruim assim ser quase que um “devoto” deles?
                    Adultos estão correndo riscos de “temer” tanto seus “pequenos aprendizes” que muitos pais não podem quiçá dormir na mesma casa que seus filhos para não amanhecerem mortos! Cruel dizer isso? Infelizmente sim, mas necessário. Alguém precisa relembrar a parte mais “suja da conversa”! O que poderíamos achar improvável até alguns anos atrás, hoje é muito mais comum do que se imagina, as crianças iniciarem com pequenas manipulações e mentiras até chegarem ao extremo da agressividade “não medida” (a morte - o homicídio) mesmo que não seja de um adulto, pode ser de outra criança ou um animalzinho. Muitas vezes não esperada, mas desejada. Aquele momento que mencionei anteriormente, o valioso “um único dia da semana” faria toda a diferença em muitos desses casos. Perfeito seriam termos os sete dias de acompanhamento, diálogos, orientações e “nãos” ou “sins justificáveis”. Bem, que seja num único dia para justamente oportunizar momentos valiosos e preciosos com seus filhos, não necessitando “chegar à correção”, mas no momento da prevenção!
                    Pais deveriam parar de justificar suas más condutas e falta de firmeza com seus filhos culpando o cansaço físico, o esgotamento do dia, a irritação que passam no trabalho, as perseguições profissionais, o baixo salário, os problemas governamentais, as mágoas acumuladas, os ciúmes doentios que consomem horas do seu dia, a busca incondicional por corpos perfeitos, pelas aparências falidas familiares, a busca implacável por um “novo pai” ou uma “nova mãe” para os filhos que já têm. A desesperada necessidade sexual que só trará mais problemas para dentro dos lares. São tantas as justificativas decretadas e condicionadas, que esses adultescentes não percebem que seus filhos estão se “desumanizando”. Talvez igual ou numa pose piorada deles. Depois não adianta reclamar na velhice que foram internados em clínicas ou casas de repouso porque ninguém teve paciência com você. Óbvio. Você também não teve paciência com seu filho. Mas por favor, não encurte o “tom da paciência” fazendo o que eles querem ou dando o que desejam. Não repliquem o erro do consumismo compulsivo! O mesmo que você tem quando anda pelo shopping. Filhos sabem que estão comprando mais do que podem gastar! Sabem que estão na beira da falência e devendo para bancos! Essa conversa, eles também ouviram!         
                     Paciência para resgatar as conversas, brincadeiras saudáveis e regras a serem cumpridas. Onde foram parar aqueles jogos divertidos que uniam amigos e famílias? As bolas de gude, pular elástico, amarelinha, bambolê, passa anel, os tijolinhos de montar que despertaram em muitos adolescentes a vontade de serem engenheiros e construtores. A brincadeira de acampar no quintal, fazer cabana no quarto, piquenique, esconde-esconde, pega-pega, queimada, lenço-atrás, peteca, aulas de culinária, forca, stop... O mais engraçado de tudo isso é que hoje temos espaços mais seguros para desenvolvermos essas brincadeiras dentro dos condomínios, mas as crianças e adolescentes não têm com quem brincar! Não têm tutores que organizem e passem a sabedoria popular e a cultura local de geração para geração. Quando vejo um grupo de crianças e adolescentes num espaço pequeno e em determinados condomínios ou quando os pais são solicitados por organizadores a brincarem com seus filhos fazendo um circuito de brincadeiras e atividades coletivas, fico encantada com o entusiasmo de todos! Isso sim é infância bem assistida!
                 Plantarmos esses momentos, cultivar saúde física, mental e social e parar de plantarmos humanos fúteis, mesquinhos, fofoqueiros, perversos, mentirosos, raivosos, egoístas, escandalosos, promíscuos. Colherás o que plantares. Sempre haverá tempo para mudarmos a situação! Cabe a nós aceitarmos o desafio da mudança ou rejeitá-lo e repetir dia após dia as mesmas ações! Por isso te pergunto: o que você mais TEME no processo de criação e educação do seu filho?   

Veja a 1ª parte desse texto. 
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