O que temer na
educação do seu filho?
Por Andréa Camargo –
abril 2015 - 2ª parte.
A
criança deixa de temer esses adultos e passa a enfrentá-los. Nos finais de
semana são travadas verdadeiras batalhas! Percebem que seus pais tiveram uma
péssima semana e violam todos os níveis de paciência durante o passeio ou a
viagem no final de semana, o qual deveria existir para unir, apaziguar, ser um
“momento agradável em família”. Esses pequenos tiranos sabem que muitos desses
adultos se acovardam frente ao legado mais jovem e tudo que os acompanha, como
suas imposições e exigências. Cabe-lhes chorar, gritar, fazer manhas e
pirraças, ofender, humilhar, verbalizar muito do que ouviram e viram durante a
semana. Sabem que não tardará e a batalha será ganha! Vencerão pelo cansaço,
pois esses adultos estarão exauridos para travarem longos e determinantes
diálogos onde quer que estejam. Para os adultos valeu muito mais à pena falar
mal dos outros durante seis dias em seus lares, do que “perder um dia”
orientando, conversando, rindo, jantando, aprendendo e ensinando seus futuros
herdeiros comportamentais a reproduzirem o que seja mais útil e necessário para
nossa sociedade chamada de “contemporânea”.
Infelizmente essa “sociedade”
na qual todos nós fazemos parte, inclusive os péssimos vizinhos de plantão que
não são exemplo de nada, não poderiam julgar como fazem algumas atuações mais
firmes e decididas de alguns pais, que ainda acreditam na correção de seus
filhos (em tempo hábil) seja com um “tapinha corretivo” (no lugar certo) ou um
belo e sonoro “não” mais determinante para recuperar o que poderia se perder!
Dizer “não”, tornou-se sinônimo de autoritarismo para especialistas “farsantes”
da chamada “Psicologia Moderna”. Em busca da perfeição, os medos surgiram
dentro dos pais modernos. Daqueles que não queriam “reproduzir o que
sofreram”. Temer! Quem teme quem agora?
Será que você sente falta de “temer” seus pais? Era tão ruim assim ser quase
que um “devoto” deles?
Adultos estão correndo
riscos de “temer” tanto seus “pequenos aprendizes” que muitos pais não podem
quiçá dormir na mesma casa que seus filhos para não amanhecerem mortos! Cruel
dizer isso? Infelizmente sim, mas necessário. Alguém precisa relembrar a parte
mais “suja da conversa”! O que poderíamos achar improvável até alguns anos
atrás, hoje é muito mais comum do que se imagina, as crianças iniciarem com
pequenas manipulações e mentiras até chegarem ao extremo da agressividade “não
medida” (a morte - o homicídio) mesmo que não seja de um adulto, pode ser de
outra criança ou um animalzinho. Muitas vezes não esperada, mas desejada.
Aquele momento que mencionei anteriormente, o valioso “um único dia da semana”
faria toda a diferença em muitos desses casos. Perfeito seriam termos os sete
dias de acompanhamento, diálogos, orientações e “nãos” ou “sins justificáveis”.
Bem, que seja num único dia para justamente oportunizar momentos valiosos e
preciosos com seus filhos, não necessitando “chegar à correção”, mas no momento
da prevenção!
Pais deveriam parar de
justificar suas más condutas e falta de firmeza com seus filhos culpando o
cansaço físico, o esgotamento do dia, a irritação que passam no trabalho, as
perseguições profissionais, o baixo salário, os problemas governamentais, as
mágoas acumuladas, os ciúmes doentios que consomem horas do seu dia, a busca
incondicional por corpos perfeitos, pelas aparências falidas familiares, a
busca implacável por um “novo pai” ou uma “nova mãe” para os filhos que já têm.
A desesperada necessidade sexual que só trará mais problemas para dentro dos
lares. São tantas as justificativas decretadas e condicionadas, que esses
adultescentes não percebem que seus filhos estão se “desumanizando”. Talvez
igual ou numa pose piorada deles. Depois não adianta reclamar na velhice que
foram internados em clínicas ou casas de repouso porque ninguém teve paciência
com você. Óbvio. Você também não teve paciência com seu filho. Mas por favor,
não encurte o “tom da paciência” fazendo o que eles querem ou dando o que
desejam. Não repliquem o erro do consumismo compulsivo! O mesmo que você tem
quando anda pelo shopping. Filhos sabem que estão comprando mais do que podem
gastar! Sabem que estão na beira da falência e devendo para bancos! Essa
conversa, eles também ouviram!
Paciência para resgatar as
conversas, brincadeiras saudáveis e regras a serem cumpridas. Onde foram parar
aqueles jogos divertidos que uniam amigos e famílias? As bolas de gude, pular
elástico, amarelinha, bambolê, passa anel, os tijolinhos de montar que
despertaram em muitos adolescentes a vontade de serem engenheiros e construtores.
A brincadeira de acampar no quintal, fazer cabana no quarto, piquenique,
esconde-esconde, pega-pega, queimada, lenço-atrás, peteca, aulas de culinária,
forca, stop... O mais engraçado de tudo isso é que hoje temos espaços mais
seguros para desenvolvermos essas brincadeiras dentro dos condomínios, mas as
crianças e adolescentes não têm com quem brincar! Não têm tutores que organizem
e passem a sabedoria popular e a cultura local de geração para geração. Quando
vejo um grupo de crianças e adolescentes num espaço pequeno e em determinados
condomínios ou quando os pais são solicitados por organizadores a brincarem com
seus filhos fazendo um circuito de brincadeiras e atividades coletivas, fico
encantada com o entusiasmo de todos! Isso sim é infância bem assistida!
Plantarmos esses momentos,
cultivar saúde física, mental e social e parar de plantarmos humanos fúteis,
mesquinhos, fofoqueiros, perversos, mentirosos, raivosos, egoístas,
escandalosos, promíscuos. Colherás o que plantares. Sempre haverá tempo para
mudarmos a situação! Cabe a nós aceitarmos o desafio da mudança ou rejeitá-lo e
repetir dia após dia as mesmas ações! Por isso te pergunto: o que você mais
TEME no processo de criação e educação do seu filho?
Veja a 1ª parte desse texto.
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