O que temer na
educação do seu filho?
Por Andréa Camargo –
abril 2015 - 1ª parte.
Temer! Qual o verdadeiro
significado desse verbo? No bom e velho dicionário encontramos “recear”. Mas
quem teme, é temente. Nesse caso, o verbo deixou de ser “aparentemente” mal
interpretado e passou a ser um adjetivo muito bem qualificado! Pois quem é
temente, torna-se cuidadoso, possui respeito. Como o cristão que é temente a
Deus. Ele é reverente a Deus.
Nesse sentido, pergunto para
você pai e mãe. Quanto seu filho é temente a você? Antigamente filhos eram
tementes aos pais porque tinham respeito. O olhar dialogava, resolvia qualquer
situação. Os filhos acreditavam que seus pais sabiam muito e esse muito era
sobre todo e qualquer assunto. Eles praticamente se reverenciavam aos seus
pais. Muitas vezes, nem percebiam que seus pais não sabiam resolver “quase
tudo”. E se isso não acontecesse, estava tudo bem! Passava despercebido aos
olhos das crianças e os pais pesquisavam na Bíblia, em livros e revistas que
colecionavam das bancas de jornal, ouviam conselhos de outros familiares,
experiências que deram certo ou no máximo erravam sem culpa. Seguiam seus
instintos. Eram erros e acertos permissíveis e assertivos na grande maioria das
vezes. Podemos perceber isso com a geração que hoje, em 2015 tem entre 40 e 50
anos de idade. Que pessoas e profissionais são esses?
Que estruturas mentais,
sociais, afetivas eles possuem? Quão se mostram autônomos em suas próprias
decisões? Quão inseguros são? Como é sua estrutura física e sua saúde?
Hoje os livros triplicaram
páginas sobre “dicas para educar”, existem dezenas de aplicativos para
acompanhar os filhos, profissionais especializados por cada parte do corpo da
criança, tecnologia de ponta para “ensinar” tudo, milhões de roupas,
acessórios, brinquedos eletrônicos, muitos recursos que dispensam a presença
dos pais. Uma fábrica para “isentar responsabilidades paternas”. Mesmo porque,
muitos dos pais já não sabem mais mexer com toda essa parafernália tecnológica!
Não acompanharam a “evolução” dos aparelhos. São os filhos que ensinam os pais.
É aí que o perigo mora!
Quando um filho “ensina” os
pais, ele assume o papel de “mandante”. Ele não tem maturidade em perceber que
esse “curto tempo” é conhecido como “momento de troca do conhecimento”. Na
cabecinha deles, os pais estão sabendo menos ou quase nada que eles. Se os pais
“deixaram” de saber, é sinal que os filhos não precisam temê-los mais ou
reverenciá-los. Pois quem sabe, dita regras e normas. É detentor do saber. Não
era assim na antiga formação pedagógica? Ou isso não mudou? Incrível, a criança
e o adolescente perceberam que alguns de seus professores, pais, vizinhos,
amigos, familiares que se mostram “sem informação” (não conhecimento) devem ser
mandados, tripudiados, desdenhados e até ironizados em dados momentos.
Esses “pequenos ditadores”
tiveram maturidade para “evoluir” sozinhos e detectar fragilidades dos adultos.
Sabem analisar falas que os pais proferem, detectam posturas (nem sempre
edificantes) trazidas para casa após um longo dia de trabalho, escutam as mães
falando mal de outras mulheres, os pais xingando o juiz no jogo, ouvem os
“pré-julgamentos” que adultos fazem sobre outros adultos, as brigas entre o
casal que só leva a perda de respeito, as crianças fingem dormir para escutarem
conversas ao telefone dos pais (às vezes até gravam) e isso tudo vai formando
seu temperamento, seu caráter e não só dando o direito deles imitarem os comportamentos
“adultescentes” dos pais ou das referências que deveriam ser adultas em casa,
mas lhes dá o direito de perder cada vez mais o respeito, a credibilidade, a
admiração e a estima.
Veja a 2ª parte desse texto!
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