segunda-feira, 25 de junho de 2012

A catedral



A catedral.

                   Uma catedral magnífica estava sendo erguida. Já se elevava acima das estruturas de todo o país e não tinha sequer atingido a metade da altura planejada, Nemo coberto um quarto do terreno à ela destinado. Os incomparáveis afrescos, os maravilhosos vitrais, os elaborados entalhes – eram ainda idéias na cabeça do arquiteto e da equipe de mestres artesãos por ele montada.
                   Quando o arquiteto caminhava pela estrada poeirenta  para ir inspecionar o andamento de sua criação, passou por três homens labutando sob o escaldante sol do meio-dia. Os três eram jovens na flor da idade. Os três faziam a mesma tarefa. Uma tarefa penosa, árdua. Cada um pegava um bloco de pedra, colocava-o sobre uma grande pedra chata e batia nele com uma marreta até que ele se quebrasse. A cada um ele fez a mesma pergunta: “O que você está fazendo, meu jovem, e por que o faz?”
                   O primeiro homem respondeu: “Você não vê o que estou fazendo? Estou quebrando pedras, e o faço porque recebo meu pêni por dia”.
                   O segundo homem respondeu: “Estou fazendo as pequenas pedras que serão usadas nas paredes daquela construção ali, e o faço para alimentar a minha família”.
                   O terceiro homem respondeu: “Estou ajudando a construir aquela maravilhosa catedral ali. Quando ela ficar pronta, virá gente de muitos países para admirar suas maravilhas. E o faço para aprender, porque, verdade seja dita, posso ganhar um ordenado melhor, com menos esforço, trabalhando como aprendiz”.
                   Num impulso, o arquiteto chamou seu assistente e lhe pediu que acompanhasse a vida de cada um daqueles três homens ao longo dos anos.
                   Quatro décadas depois, o primeiro homem tinha morrido. Ele permanecera operário braçal, trabalhando por dia em tarefas ainda mais vis quando perdeu a força física.  Segundo homem se aposentará com modesto conforto. Ele acabará se tornando um artesão e adquiria a reputação de um trabalhador confiável, embora pouco criativo.
                   O terceiro homem? O arquiteto não precisou perguntar a seu respeito. Sua fama continuava a crescer, e os maravilhosos edifícios que concebera povoavam a região.