domingo, 31 de agosto de 2014

Assertividade.


ASSERTIVIDADE
Andréa Camargo - 13/04/2009

                   Nos dias atuais se fala em assertividade de uma forma inapropriada. Assertividade virou uma “desculpa” para as pessoas criticarem indiscriminada, exemplo "você me desculpe, mas serei 'assertivo' em criticá-lo!”

                   O próprio uso da frase já mostra a não assertividade, pois se você é assertivo, não precisa pedir desculpas para expor o que quer que seja. Há várias ocasiões, dificuldades e falta de repertório comportamental e atitudinal, que levam pessoas em não serem assertivas:

ü  Não sabe trabalhar e se relacionar adequadamente com outras pessoas.
ü  Não se mostra por inteiro para os outros.
ü  Tem dificuldade de aceitar a diversidade de papéis, opiniões e sentimentos.
ü  Não expressa sua opinião, desejo, expectativa, percepções, sentimentos e emoções.
ü  Mantém controle sobre si ou tenta controlar outros.
ü  Não sabe definir seus limites, nem perceber os limites das outras pessoas.
ü  Tem medo, raiva, frustração, falta de esperança com as pessoas do seu relacionamento pessoal e profissional.
ü  Tem pena de si própria e se coloca na defensiva.

Antes de falar sobre como ser assertivo, vamos dizer o que assertividade não é:

- Não é ser "sincero" com os outros.
- Não é ter "pontos de vista sobre pessoas".
- Não é julgar os outros.
- Não é por para fora tudo o que pensa.
- Não é se mascarar ou se camuflar.
- Não é evitar conflitos e críticas.
- Não é ser passivo e aceitar os padrões de outrem, impostos de fora para dentro;
- Não é ser agressivo, e emitir uma avalanche de impropriedades a quem você julga atravessar os seus limites.

                   Outro conceito, bastante misturado com a assertividade é o "feedback". Só para esclarecer e trazer um posicionamento claro:
                   Ser assertivo não é ser passivo, nem ser agressivo ou quaisquer combinações possíveis destes dois comportamentos não apropriados, pois podem conduzir você a momentos indesejados, para você e para quem o acompanha, produzindo uma baixa crescente na sua autoestima. "Chamar alguma coisa de "feedback" não faz disso um "feedback"; se ele contém um julgamento. Torna-se uma crítica. "Feedback" refere-se a observações. Jamais julgamentos ou críticas."

Esta frase está no livro "REAL COACHING AND FEEDBACK - How To Help People Improve Their Performance", de J. K. Smart, Pearson Education, 2003.

Assertividade é:

ü  Viver e usufruir os seus direitos.
ü  Reconhecer e expressar os seus sentimentos e emoções.
ü  Solicitar o que você quer.
ü  Expressar os seus pontos de vista sobre assuntos, ideias, ideais e
conceitos; de forma direta, com integridade, honestidade e respeito aos outros.
ü  Estar presente, por inteiro e não só permitir, mas incentivar que as demais pessoas à sua volta também ajam de forma semelhante.

                  Uma pessoa assertiva é aquela que tanto reconhece como permite que as suas vozes internas sejam liberadas, com classe, pois, como constantemente liberadas, não há a repressão passada que provocaria o grito futuro.

Ser assertivo é:
ü  Fazer emergir o seu "eu".
ü  Aceitar o seu "eu".
ü  Expor o seu "eu" com altivez.
ü  Fazer o seu "eu" ser visível e respeitado.
ü  Criar uma parceria com você mesmo.
ü  Deixar de ser perfeito.
ü  Expor as suas falhas, as suas emoções e opiniões cruas e não "politicamente corretas" (mesmo porque, isso não existe!).
ü  Apresentar seu lado humano incoerente, mas real.

                   Quando você conseguir isso, essa sua parceria consigo conduzirá você à um mandamento "Ama o próximo como a ti mesmo". Nesse momento, esse mandamento deixará de ser hipotético. Passará a ser a constatação de que os seus comportamentos e as suas atitudes constroem.

                 Você aceita e ama o seu próximo na exata medida que aceita e ama a si.

                   E para esta construção, não há um início, nem um final. O todo se forma por sua vontade, por pequenas aproximações sucessivas, ao longo da sua vida. Com a assertividade não há, definitivamente a "degustação de sapos". Não “engolimos sapos”.

Depois dessas técnicas práticas da assertividade só resta dizer que toda e qualquer a pessoa que:
- ou trabalha com público,
- ou vive em família ou comunidade,
- ou se relaciona com pessoas, necessita exercer a assertividade.

v  "Autoestima, Assertividade e Resiliência": leia mais sobre como estes três conceitos estão entrelaçados.



v  Não é hora de engolir sapo! Expressar opiniões previne estresse e depressão.
Autora: Karin Sato.

                   “Muitas vezes, em situações do dia a dia, engolimos alguns sapos e muitos brejos. É comum o indivíduo deixar de falar o que pensa para não prolongar uma conversa ou evitar uma discussão. Ele ainda pode sentir medo de não ser aceito pelo grupo. Mas o que as pessoas desconhecem são os malefícios dessa atitude, tanto para a saúde quanto para o convívio social”, afirma a psicóloga Madalena Cabral Rehder, coordenadora do NEPSAR (Núcleo de Especialização em Psicodrama e Sociodrama de Santo André).
                   Como a atitude de não se expressar pode prejudicar o convívio social no ambiente corporativo?
                   A pessoa que não diz o que pensa impede que os demais a conheçam. O diálogo fica mais difícil também, o que causa danos ao resultado final do trabalho.
                   “É difícil tornar-se íntimo de uma pessoa que guarda as opiniões para si, pois os outros ficam com o pé atrás. É importante despertar confiança e ética nos diálogos e aprender a distinguir os momentos de perceber o que é público e privado nas relações. As falhas na comunicação geram frustração e ansiedade”, garante Madalena.

v  Estresse.
                   Com relação à saúde, o problema de “engolir sapo” é o estresse gerado. “Algumas vezes, a comunicação - falada ou escrita - acaba sendo utilizada de forma inadequada. Mesmo assim, é importante expressar-se, pois só dessa forma será possível perceber as falhas, que resultarão em um processo de aprendizagem. O importante é se comunicar e se perceber”, opina a psicóloga. O fato é que, quando nós deixamos de nos expressar, podem surgir sentimentos como culpa, raiva e medo, que estão ligados às emoções que são desencadeadas por nossos pensamentos. “Isso ocasiona depressão e isolamento, que é uma forma de mostrar ao ambiente externo que precisamos de cuidado”.

v  Por trás do medo de se expor.
                   A especialista lembra que o medo da exposição tem sempre uma motivação escondida: pode ser uma situação mal resolvida ou a incompreensão nos relacionamentos, seja no ambiente familiar, afetivo, social, educacional ou público. “Por isso, vale ressaltar a importância de colocar as palavras certas na hora certa, assim como saber ouvir e ler para saber responder ou emitir opiniões”. A cautela se faz necessária também, de maneira que não podemos sair falando o que queremos a qualquer momento. “São sábias as pessoas que preferem não falar em um momento de explosão ou quando não têm conhecimento do assunto. Neste caso, o mais sensato é esperar os ânimos se acalmarem e conhecer mais a questão para, posteriormente, tocar no assunto”, afirma Madalena. “Aprender a comunicar-se é uma arte que requer auxílio de sensatez, espontaneidade e criatividade, para favorecer o crescimento pessoal e profissional”.


Livro: O amor que acende a lua.
Autor - Rubem Alves.
Capítulo: A arte de engolir sapos.

                   Há pessoas que engolem sapos por medo. Bem que seria possível evitar a repulsiva refeição: o sapo é um sapinho. Mas elas preferem engolir o sapo a enfrentá-lo. Não têm coragem de pegá-lo e jogá-lo contra a parede. Pessoas que fizeram do ato de engolir sapos um hábito acabam por ficar parecidas com eles: andam aos pulos, sempre rente ao chão e coaxam monotonamente.
                   Mas há situações em que é inevitável engolir o sapo. Eu mesmo já engoli muitos sapos e disto não me envergonho. O meu desejo, com esta crônica, é dar uma contribuição ao saber psicanalítico, que até agora fez silêncio sobre o assunto. Muitos dos sintomas neuróticos que afligem as pessoas resultam de sapos engolidos e não digeridos.
                   Tudo começa com um encontro: à minha frente um sapo enorme, ameaçador, com boca grande. A prudência me diz que é melhor engolir o sapo a ser engolido por ele. É melhor ter um sapo dentro do estômago (sapos engolidos nunca vão além do estômago) do que estar no estômago do sapo. Aí, impotente e sem ações, deixo que ele entre na minha boca, aquela massa mole nojenta. É muito ruim. O estômago protesta, ameaça vomitar. Explico-lhe as razões. Ele cessa os seus protestos, resignado ao inevitável. Não consigo mastigar o sapo. Seria muito pior. Engulo. Ele escorrega e cai no estômago.
                   Alimentos não digeríveis são eliminados pelo aparelho digestivo de duas formas: ou são expelidos pelo vômito ou são expelidos pela diarreia. Os sapos são uma exceção. Não são digeridos, mas não são nem expelidos pelas vias superiores e nem pelas vias inferiores. Os sapos se alojam no estômago. Transformam-no em morada. Ficam lá dentro. Por vezes hibernam. Mas logo acordam e começam a mexer.
                   Ninguém engole sapo de livre vontade. Engole porque não tem outro jeito. Tem sempre alguém que nos obriga a engolir o sapo, à força. A pessoa que nos obriga a engolir o sapo, a gente nunca mais esquece. Diz a Adélia que “aquilo que a memória amou fica eterno”. Aí eu acrescento algo que aprendi no Grande Sertão. Conversa de jagunços matadores. Diz um: “Mato, mas nunca fico com raiva”. Retruca o outro, espantado: “Mas como?” Explica o primeiro: “Quem fica com raiva leva o outro para a cama.” É isso. A gente leva, para a cama, a pessoa que nos obrigou a engolir o sapo. A raiva também eterniza as pessoas. Não adianta falar em perdão. A gente fica esperando o dia em que ela também terá de engolir um sapo. Ou como dizia uma propaganda antiga de loteria, a gente reza: “O seu dia chegará...” 

sexta-feira, 22 de agosto de 2014


Só discordaria de um ponto sobre a fala brilhante de Alexandre Garcia, o professor nos dias atuais, é um educador sim! Pois a responsabilidade de educar, infelizmente, ficou sobre os muitos afazeres do docente na escola e indiretamente para todos que acompanham os alunos no dia a dia, como a coordenação que também passou a executar parte do papel de mãe! Psicóloga, enfermeira, terapeuta, pesquisadora, analista...  Temos que parabenizá-lo por ter levantado essa "bandeira" num momento político tão conturbado. 

domingo, 17 de agosto de 2014

 

Oficina de Língua Portuguesa e Matemática.Aperfeiçoando nossas práticas, colégios na zona Leste - SP.





      

Palestra especial para o Dia dos Pais


 

 

Os jogos que enriquecem nossa prática docente - Fundamental I e Educação Infantil.


 

Aperfeiçoando as práticas docentes no Fundamental II e Ensino Médio, encontros de 2 horas. 




Palestra: Gestão ou Liderança em sala de aula. Para todos professores da Educação Infantil ao Fundamental II - repensando a convivência diária! 



sexta-feira, 8 de agosto de 2014

DIA DOS PAIS 

Procuram-se heróis de verdade
Roberto Shinyashiki

“Procuram-se pessoas que saibam que: Ser é mais que parecer. Amar não é só um sentimento, e sim um jeito de tratar a pessoa amada. Quando um dos dois perde, todos perdem juntos. É melhor uma derrota honesta do que uma vitória sem escrúpulos. Pedir desculpas engrandece a alma. E que sejam capazes de... Chorar de saudade. Vibrar com uma noite estrelada. Aprender com o sorriso da criança. Falar de Deus com alegria no coração. Procuram-se pessoas simples, com olhar sincero e coração grande. Heróis de verdade: o tipo de gente que não precisa de aplauso para ter uma noite de sono em paz!



Os verdadeiros super-heróis
Utescher

“Hoje tive um sonho que eu podia fazer tudo. Mas ao mesmo tempo em que eu podia fazer tudo não fazia nada. Pessoas têm grandes poderes e não utilizam da forma que tinha que utilizar. Mas pessoas que não têm poderes mudam o mundo. Com sua sinceridade, com seu jeito de ser com as coisas que as pessoas que têm grandes poderes esquecerão como é. A humildade de admitir que estão erradas. Por terem super poderes pensam que estão em patamares maiores do que os outros. Não veem que estão la só porque nós colocamos elas lá. Esquecem de como eles conseguiram os seus poderes. Para mim os verdadeiros heróis não são aqueles que usam capa. Mas sim aquela mãe de família solteira que trabalha o dia todo ainda arranja tempo para ver seu filho jogando bola. Sim, aquele cara que faz de tudo para dar o melhor para sua família, rala todos os dias para no final do mês receber aquele salário que mal da para pagar a comida. Sim, isso sim que são os meus verdadeiros heróis. E estas pessoas humanas que fazem a diferença a cada dia. Sim, estas pessoas que merecem o nosso devido falar. Mas nunca vemos estas pessoas porque elas não gostam de aparecer. Elas fazem tudo sem falar nada para ninguém, só fazem. Porque sim, estas pessoas, as verdadeiras Super-Heróis. Estas pessoas que devemos ter como exemplo para nossa vida”.

Meus Super Heróis
Eduardo Terra Coelho

“Meus super-heróis não são dos quadrinhos, São de sangue, de pó e de lágrimas. Choram, riem têm medo e erram também. Não são eternos, têm seu tempo e lugar, Mas superam qualquer herói de H.Q., Pois existem ou existiram algum dia. Não são invencíveis, mas são humanos, Não têm super poderes, mas coração. Basta ter uma razão para lutar. Meus super heróis não são dos quadrinhos Já que existem ou existiram algum dia. Não defendem objetos e lugares, Mas defendem e emancipam pessoas. Não agem sós, mas coletivamente. Ensinam e aprendem a ser super heróis. Basta ter uma razão para lutar, E, se almejar, pode ser um deles. Não são eternos, tampouco imbatíveis. Duram o tempo de fazerem-se heróis, Nos erros, acertos, medos e lágrimas. E sendo humanos são imprevisíveis. Nisto consiste sua eternidade, Superior à dos heróis de H.Q. Os heróis de H.Q. encerram-se em si, Os meus ainda que mortos são atuais, Pois defendem e emancipam pessoas, E prosseguem pelos que os entenderam, Pois não agem sós, mas no coletivo. Meus super heróis não são dos quadrinhos, Não têm super poderes, mas coração, Não agem sós, mas coletivamente, Pois sendo humanos são imprevisíveis, Que ainda que mortos são sempre atuais. Nisto consiste sua eternidade. Meus super heróis não são de quadrinhos Têm cores mais vivas que sangue e suor. Se eu estou vivo a lutar, devo a eles. São grãos que morrem para a vida brotar, E nisto consiste sua eternidade. São frutos da terra, não devaneios. Meus super heróis não são de quadrinhos E são tão reais quanto você ou eu. Com eles nós sempre podemos contar. Assim é com eles que esperam de nós, Eles sobrevivem através de nós. Nisto consiste sua eternidade”.

domingo, 3 de agosto de 2014


Água! O que acontecerá? Como podemos evitar as situações que estão por acontecer? Leiam: 
                       Desabafos de uma Coordenadora Pedagógica.
Por Andréa Rosa.
                  
                   Chegaremos em breve ao término de mais um ano e em breve iniciaremos outro. Afinal, o tempo tem passado muito rápido. Paro nesse momento para fazer um levantamento sobre os caminhos que percorri em minha carreira. Penso em minhas crenças profissionais e me deparo com questionamentos dos quais não obterei respostas. Senti que precisava escrever, desabafar e compartilhar com outras pessoas que também vivenciam momentos como esses. Talvez assim, consiga obter um acalanto ao meu coração e ver que não estou completamente só nessa caminhada!
                   “São tantas emoções” já diria o bom e experiente cantor. Percebo que o tempo tem passado, as concepções e ações pedagógicas estão se modernizando, os novos e ilustres palestrantes que lotam plateias de todo o Brasil e no exterior têm verbalizado sobre novas formas de avaliarmos, planejarmos, executarmos, concebermos afetividade dentro da sala de aula e até vêm se pronunciando o quanto os governos estão visualizando metas financeiras dentro de um poder contido e que todos os sistemas avaliativos como Enem, Saresp, Sinaes entre tantos outros que já existiram, existem e ainda serão criados, são formas ilusionistas de análise educacional. Não são parâmetros para mais nada nesse país. O pior, não são parâmetros afetivos defendidos dentro da educação.   
                   Tantas discussões são promovidas nos congressos, simpósios, colóquios e outros “ós” que podemos ter, e ainda assim, vivemos em meio a uma educação velada e contida. Onde não podemos falar abertamente o que passamos e pensamos. O que vemos e vivenciamos enquanto absurdos da educação. Muitas informações são transmitidas dentro de uma possibilidade assistida. Se sairmos muito dos “parâmetros” permitidos, corremos riscos de alguém vetar as informações e resultados. Quem sabe até “cloná-los”.     
                   Penso que de todos os cargos internos de uma escola e relacionados à educação: professor, orientador educacional, bibliotecário, inspetor de alunos, merendeiro, auxiliar de classe, diretor pedagógico, diretor financeiro, coordenador de eventos, secretário, faxineiro, assistente administrativo, coordenador de esportes, orientador religioso entre outros, a função de coordenador pedagógico seja o mais sacrificante, exaurido e desgastante cargo que possa existir dentro de uma escola. Gostaria de me justificar usando exemplos diários, vivenciados e que, se possível, alguém me responda relatando outros acontecimentos que provem que não estou tão errada assim.    
                   Temos que zelar por todos na escola. Desde os alunos, os professores, os pais e até os demais funcionários da empresa. Estamos no meio de uma verdadeira batalha, lutando por ideais que já não são mais aplicados ou se tornam cada vez mais distantes frente à compra e modificação de resultados. “Só para ficar bonito na fita”.  
                   Um pai procura a coordenação no final do ano (somente no final do ano) para questionar porque seu filho não está indo bem. Final do ano, reforço! Na verdade o aluno será reprovado, é fato, e o “Sr. Pai”, postergado, foi chamado várias vezes no colégio, mas ele dizia estar ocupado e que não poderia comparecer às reuniões de pais. Menos ainda nas conversas individuais com a coordenação. Sai o resultado. Seu filho, como esperado reprova. O pai resolve “aparecer”, “reencarnar” e em última instância, desesperada, após não compreender o motivo real que levou seu exemplar filho a ser reprovado questiona tudo. Apela e oferece um carro ao coordenador pedagógico para ver “o que consegue fazer” a respeito. Como o coordenador não aceita, o pai tece todos os xingamentos possíveis contra a pessoa dele e contra o colégio. Jogando a culpa na incompetência do estabelecimento, alegando que não possa perder um ano de investimento. Investimento? Parece que esse título no meio político teria outro nome. O bom, é que nessas horas a coordenação pedagógica respire, suspire e caminhe sem se abalar. Descanse com a consciência em paz. Afinal, chamou esse “Sr. Pai” umas oito vezes ao longo do ano e tem tudo registrado para não confrontar com diretorias de ensino que insistem em criticar a escola e se fazer cumprir leis de ministros que se quer permearam seus vãos ensinamentos em sala de aula.  
                   Outro exemplo vivenciado e bastante significativo que já enfrentei no cargo, foi de uma mãe convocada para comparecer à coordenação, onde a mesma seria comunicada que sua filha vinha apresentando um comportamento inadequado frente aos professores a amigos. Seu uniforme, evidentemente se apresentava com dois números menores do que ela deveria vestir, parte do seu corpo ficava a mostra. Mas não dificuldades financeiras, obviamente, pois estava num colégio muito caro de São Paulo. Já havia assediado alguns professores para obter bons resultados, por mais que os professores chamassem sua atenção, ela vivia com o celular na mão fazendo “selfies”. Sua concentração permeava entre outros assuntos, que não eram os estudos. Na última feira de eventos, essas que os colégios promovem como fonte de inspiração para a socialização e marketing interno e não reforço educacional, a aluna veio com um micro short, o que não era adequado de forma alguma, pois foi comunicado que o uso do uniforme seria obrigatório e para finalizar, foi pega no banheiro masculino. A mãe, que se veste tal qual a filha, malha bastante para não entrar em conflito com a idade, fez várias reparações físicas (como aplicação botulínica, preenchimentos e plásticas), não aceitou a colocação da coordenação e questionou se a mesma estava “insinuando que sua filha era vulgar”. A coordenação procura acalmá-la e pontuar com elegância e bom senso o que a mãe precisava ouvir e não queria. Não preciso contar o final dessa situação, pois a mãe de forma alguma aceitou as colocações e se manteve falando horrores sobre o colégio que não compreende sua filha e seu desenvolvimento maturacional. Amadurecimento? Acho que nessa família, eles não sabem a verdadeira tradução desse “nome comportamental”.  
                   Esses são apenas dois exemplos relacionados às desestruturas familiares atuais, que a coordenação pedagógica vem enfrentando no seu dia a dia. Mas existem exemplos interessantíssimos relacionados a má postura profissional dos professores que temos que orientar. Parece que os mesmos perderam o bom senso, o profissionalismo, a seriedade da profissão e questiono se isso é um reflexo político sobre o desmerecimento da categoria. Sobra para o coordenador pedagógico resolver quase tudo e um pouco mais que sua função atestaria. Professores que não sabem mais preencher diários ou esperam que todos os colégios tenham o famoso diário eletrônico. Até porque os portais e muitos programas já os trazem prontos. Afinal as aulas estão cada vez mais numeradas e menos humanizadas em prol da concorrência e da falta de tempo em ministrar todo conteúdo e de um resultado surpreendente para ser conquistado no final do ano. Obviamente, porque isso se chama marketing escolar. Quanto maior o número de alunos que ingressar nas universidades públicas (mesmo que seja para não terem aula), maior será a procura de novos pais por esse colégio considerado “forte”.
              Nesse caso, professores que trabalham com sistemas de ensino e com livros didáticos em outro colégio, enfrentaram a necessidade de “retroagirem” no registro. Esse professor pronunciará críticas sobre esse colégio que na visão dele, é muito démodé. Esperando contar com a tecnologia dentro da instituição (para facilitar seu trabalho), esse professor deparar-se-á com o preenchimento manual. Conclusão: rasuras ocorrerão em seu diário, não conseguirá preencher todas as presenças deixando apenas o F da falta, sua letra será horrível, normalmente “de forma” e por isso a coordenação precisará de uma tradução simultânea para ver o que está escrito. Esse é apenas um dos muitos problemas gerados pela falta de sistematização dos registros. Sem contar na falta de criação de aulas interessantes, inovadoras, resgate de conteúdos, um olhar apurado sobre os muitos alunos com problemas de aprendizagem, falta de inovação nas aulas e avaliações e por aí segue uma lista interminável de problemas. Mas o professor tem que ser cobrado! Pois a coordenação pedagógica também se sente cobrada pelos resultados por parte da direção.       
                   A coordenação ainda se depara com outra dicotomia. O problema de se tornar um “bode expiatório” tentando intermediar o que a direção e mantenedores do colégio exigem com relação às questões financeiras contra o idealismo dos professores em sala de aula. Nesse sentido presenciamos um desmerecimento do trabalho do professor absurdo no final do ano nos conselhos de classe. Onde alunos que devem até 6,0 ou 8,0 pontos na média, são literalmente “passados” para que os pais não tirem esse aluno do colégio. Ou ainda para “amarrarem alunos”, as antigas e quase extintas “Dps” as quais não restauram aprendizagens alguma. Aliás, outros termos mais modernos foram criados como recuperação paralela, recuperação contínua, aulas contraturnos... O quadro realmente só piora em duas últimas situações: quando alguns pais são amissíssimos da direção, aí a aprovação é quase que imediata ou ainda, quando a direção precisa livrar-se de algum professor, por questões pessoais e a coordenação é quem deverá demiti-lo. Nesse caso, a coordenação pedagógica passa a assina com outro pseudônimo: “Jesus”. Afinal, precisam de alguém para crucificar.
                   Talvez esse artigo não seja nada simpático e muito menos estimulante. Talvez não tenhamos soluções imediatas. Mas o que torna esse artigo “bom” para os coordenadores pedagógicos é pelo fato, de que posso desejar o “enfrentamento” deles, de peito aberto e saibam que não estão sozinhos nesse universo conflitante da educação. Todo coordenador pedagógico, em sua grande maioria fez Pedagogia. Quando escolheu esse caminho não sabia o que enfrentaria. Acreditava que “cuidaria” apenas da formação do professor ou das “verdadeiras leis” que regem esse país. Com o tempo, foi percebendo nos bastidores o real motivo da sua existência humana. Fique tranquilo! Siga sua missão e lembre-se do grande inspirador tão falado no seu curso, Paulo Freire “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Entendeu? Ficou mais fácil agora?